Last updated on 6 de novembro de 2025
O Banco Central (BC) do Brasil anunciou oficialmente o encerramento do projeto do Drex, a iniciativa de moeda digital nacional. A plataforma atual, construída a partir da tecnologia blockchain, será desligada na próxima semana, com a desativação de parte da infraestrutura baseada em Distributed Ledger Technology (DLT) prevista para 10 de novembro de 2025.
A decisão ocorre porque as soluções testadas não alcançaram o nível de maturidade necessário para os serviços do sistema financeiro nacional. Fábio Araújo, coordenador do Drex no Banco Central, explicou que o projeto não deve ser visto como uma “moeda digital” em sentido estrito, pois este não era seu foco principal.
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A principal justificativa para o encerramento do projeto Drex é que as soluções tecnológicas falharam em garantir a privacidade financeira nas transações, um requisito fundamental para o sigilo bancário no Brasil. Araújo destacou que a rede blockchain utilizada era essencialmente pública, o que contraria a necessidade de confidencialidade imposta pelo sistema financeiro.
O encerramento é visto pelo BC não como uma falha total, mas como uma oportunidade de aprendizado sobre os limites atuais da infraestrutura tecnológica e as demandas regulatórias.
Havia também fortes críticas de especialistas e setores políticos, que viam a iniciativa como um potencial instrumento de vigilância estatal e controle financeiro estatal. Pedro Magalhães, empreendedor no mercado de ativos digitais, considerou que o problema fundamental do Drex era tentar conciliar a centralização do controle pelo Banco Central com o propósito descentralizador da blockchain, citando também os custos elevados e a falta de privacidade. Essas críticas ao Drex indicavam uma contradição de modelo.
Com o fim da blockchain no Drex e o adiamento do lançamento público amplo, o BC planeja retomar estudos e investigações sobre tokenização de ativos no início de 2026. O foco do projeto será modificado para garantir conformidade com a legislação e a segurança dos dados financeiros dos usuários.
O objetivo agora é viabilizar um ambiente seguro e eficiente voltado inicialmente para o registro e garantia de crédito em operações financeiras, e não mais para o amplo uso como uma moeda digital centralizada. Essa nova estratégia de foco em operações de crédito se concentrará em novos modelos tecnológicos para 2026 e em uma arquitetura de interoperabilidade para ativos tokenizados. O mercado deverá assumir um papel mais direcionado para a evolução da tecnologia.
As mudanças afetam o cronograma e o formato da moeda digital brasileira, impactando o sistema financeiro ao adiar sua adoção pública.

Com informações do Gazeta do Povo
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