Arrecadação Federal: crescimento marcado por eventos atípicos e novas fontes em 2025
A arrecadação da Receita Federal de janeiro a novembro de 2025 registrou um crescimento real de 4,51%, desconsiderando pagamentos atípicos. O desempenho foi impulsionado por variáveis macroeconômicas favoráveis, o bom desempenho do setor de serviços, a elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e a tributação sobre as apostas online, que se tornaram uma nova e significativa fonte de receita. Contudo, a base de comparação com 2024 é complexa, influenciada por eventos não recorrentes e mudanças legislativas que não se repetiram no período atual.
Contexto e comparativo: O impacto de eventos não recorrentes
A Receita Federal destaca que a comparação anual é influenciada por fatores únicos de 2024. No ano passado, houve um recolhimento adicional de R$ 13 bilhões de Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) sobre rendimentos de capital, decorrente da tributação de fundos exclusivos, medida que não se repetiu em 2025. A legislação que alterou o IR sobre fundos de investimentos fechados e rendimentos no exterior (offshores) foi sancionada apenas em dezembro de 2023, impactando mais o ano anterior.
Além disso, a arrecadação de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) apresentou pagamentos atípicos. Enquanto de janeiro a novembro de 2024 o recolhimento extraordinário foi de R$ 4 bilhões, no mesmo período de 2025 esse valor somou R$ 3 bilhões. Ajustando-se a esses fatores, o crescimento real da arrecadação seria ainda mais expressivo.
Destaques positivos da arrecadação em 2025
Diversos fatores contribuíram positivamente para o desempenho da arrecadação. Variáveis macroeconômicas ligadas à atividade produtiva, especialmente no setor de serviços, mostraram-se favoráveis. A arrecadação previdenciária também teve um bom desempenho, impulsionada principalmente pelo aumento da massa salarial.
O IOF somou R$ 77,55 bilhões no acumulado de janeiro a novembro de 2025, registrando uma alta de 19,88% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Esse resultado é explicado principalmente por operações relacionadas à saída de moeda estrangeira, crédito para pessoas jurídicas e títulos ou valores mobiliários, com destaque para alterações legislativas, como o Decreto 12.499/2025, que elevou a cobrança em algumas operações de crédito em junho (e que, apesar de derrubado, impactou o período).
Outro grande destaque foi o PIS/Cofins, cuja arrecadação atingiu R$ 528,85 bilhões entre janeiro e novembro, um aumento de 2,79% em relação a 2024. Este resultado foi fortemente influenciado pela regulamentação das apostas online (bets), em vigor desde 2025. A arrecadação proveniente das casas de apostas virtuais disparou mais de 14.000%, saltando de R$ 62 milhões para expressivos R$ 8,82 bilhões no acumulado do ano, evidenciando o impacto das novas fontes tributárias.
Houve também um crescimento real notável na arrecadação de tributos sobre o comércio exterior (11,01%) e sobre rendimentos de residentes no exterior (15,39%), impulsionada por royalties, rendimentos do trabalho e Juros sobre Capital Próprio (JCP).
Sinais de desaceleração na atividade econômica
Apesar do recorde nos onze primeiros meses do ano, a Receita Federal aponta sinais de desaceleração que podem estar associados ao ritmo da atividade econômica. A arrecadação de IRPJ e CSLL, por exemplo, avançou apenas 1,44%, enquanto o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) registrou uma alta ainda menor, de 0,57%, refletindo uma estabilidade na atividade industrial que merece atenção nos próximos meses.
Com informações do Congresso em Foco
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