A ideia de que somos seres vulneráveis não é nova. Afinal, vulnerabilidade frequentemente caminha lado a lado com fragilidade — seja emocional, física ou social. Mas o que acontece quando essa fragilidade é exposta de forma abrupta, como diante de um crime brutal? A resposta é uma angústia coletiva, um sentimento profundo de medo e insegurança que parece corroer a confiança na vida.
A fragilidade emocional, como explica Joice Matos, refere-se à dificuldade de lidar com emoções intensas, levando à desestabilização diante de situações adversas. Quando um crime brutal ocorre, essa fragilidade se amplifica. Testemunhar ou até mesmo tomar conhecimento de violência extrema nos confronta com a imprevisibilidade da existência. É como se o mundo, antes previsível, se revelasse frágil e ameaçador.
A angústia, nesse contexto, surge como uma resposta natural. Na psicanálise, ela é vista como uma emoção primordial diante de ameaças, marcada por medo, culpa e perda de paz interior. Um crime brutal não apenas vitimiza indivíduos, mas também desencadeia uma onda de insegurança social. As pessoas passam a questionar: “Se algo assim pode acontecer, onde estamos seguros?” O medo e a insegurança tomam conta, especialmente em comunidades já fragilizadas.
Aqui, a vulnerabilidade social entra em cena. Condições como desigualdade, falta de acesso a direitos básicos ou violência sistêmica criam um terreno fértil para que a angústia se espalhe. Essa vulnerabilidade social exacerbada intensifica a sensação de impotência — seja por não poder proteger a si ou aos outros — reforçando a ideia de que a vida é frágil, especialmente em contextos onde a justiça parece inalcançável.
Por fim, é crucial diferenciar fraqueza de fragilidade. Enquanto a fraqueza é uma condição permanente de incapacidade, a fragilidade é situacional: ela emerge em momentos específicos, como após um trauma coletivo. Reconhecer isso não nos torna frágeis, mas humanos. E, paradoxalmente, é nessa consciência da própria vulnerabilidade que podemos buscar resiliência emocional. Não como negação do medo, mas como aceitação de que a vida, embora frágil, merece ser vivida com coragem. Cultivar resiliência emocional é fundamental para enfrentar o medo e a insegurança, transformando a angústia em força para seguir adiante.
