Lançamento do foguete sul-coreano HANBIT-Nano
O Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no litoral do Maranhão, se prepara para um momento histórico nesta quarta-feira (17): o lançamento do foguete sul-coreano HANBIT-Nano. A operação marca a primeira missão comercial de colocação de satélites em órbita a partir do território brasileiro, um passo significativo para o Programa Espacial Brasileiro e para o posicionamento do país no mercado global de lançamentos.
A bordo do HANBIT-Nano, que é desenvolvido pela empresa sul-coreana Innospace, estarão oito cargas úteis, incluindo cinco satélites e três experimentos desenvolvidos por entidades do Brasil e da Índia. As inovações brasileiras se destacam, com pesquisas que abrangem desde a coleta de dados ambientais até o desenvolvimento de sistemas de comunicação e navegação de alta precisão.
Tecnologia Maranhense e Nacional no Espaço
A missão envolve diversas frentes de pesquisa. Entre os destaques está o satélite Jussara-K, desenvolvido pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) em parceria com startups e instituições nacionais. Ele terá a importante tarefa de coletar e transmitir dados ambientais em regiões de difícil acesso, utilizando plataformas terrestres de coleta de dados (PCDs) estrategicamente posicionadas na região de Alcântara.
Outro projeto com participação maranhense é o satélite PION-BR2 – Cientistas de Alcântara, fruto da colaboração entre a UFMA, a Agência Espacial Brasileira (AEB), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a startup PION. Este dispositivo levará mensagens de alunos da rede pública de Alcântara ao espaço, visando aproximar as comunidades quilombolas da região das atividades espaciais, além de testar sistemas nacionais.
Outros experimentos incluem os satélites FloripaSat-2A e FloripaSat-2B, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), para testes de comunicação em órbita, e um Sistema de Navegação Inercial (SNI), de tecnologia nacional, para validar desempenho e fortalecer a indústria brasileira em navegação e precisão de foguetes. Há também o Solaras-S2, um experimento indiano para monitoramento de dados solares, e um Sistema de Navegação Inercial (INS) da Castro Leite Consultoria (CLC) para posicionamento de alta precisão.
Alcântara: Vantagem Estratégica para Lançamentos
A escolha do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) não é aleatória. Construída na década de 1980, a base no Maranhão oferece condições geográficas ideais para lançamentos espaciais. Sua proximidade com a linha equatorial proporciona uma maior velocidade de rotação da superfície terrestre, o que exige menor consumo de combustível e reduz os custos das operações para colocar satélites em órbita.
Além disso, a região possui baixa densidade de tráfego aéreo e um amplo leque de inclinações orbitais, fatores cruciais para a segurança e a flexibilidade das missões espaciais. A coordenação da operação desta quarta-feira (17) está a cargo da Força Aérea Brasileira (FAB) e da AEB, mobilizando cerca de 500 profissionais entre civis e militares.
Marco Histórico e Futuro do Programa Espacial
Este lançamento representa um marco importante, sendo a primeira tentativa de um voo orbital comercial partindo de Alcântara desde o acidente do Veículo Lançador de Satélites (VLS) em 2003. O Brasil, que antes realizava apenas lançamentos suborbitais, agora avança para a capacidade de colocar satélites em órbita de forma comercial.
A abertura da base para o mercado de lançamentos de foguetes comerciais foi impulsionada pelo Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST) assinado pelo Brasil e pelos EUA em 2019. O acordo simplificou a autorização para o uso de tecnologias norte-americanas em lançamentos a partir de Alcântara, habilitando empresas privadas como a Innospace a operar no local.
A expectativa é que o sucesso desta missão posicione o Brasil de forma estratégica no mercado global de lançamentos espaciais, impulsionando a pesquisa, o desenvolvimento tecnológico e a economia do país, com impactos diretos e indiretos para o Maranhão e toda a região Nordeste. O lançamento poderá ser visto a olho nu nos céus de Alcântara e em parte de São Luís, capital do estado.
Com informações do g1
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