Por Janguiê Diniz*
Israel é um país do tamanho do estado brasileiro de Sergipe, tem apenas 70 anos de existência e menos de 9 milhões de habitantes. Além disso, está situado em uma região desértica com escassez de recursos. Como poderia, então, esta nação se tornar uma potência no desenvolvimento de tecnologias inovadoras? A resposta vem em dois fatores principais: educação e necessidade.
A educação é uma prioridade israelense e sua sociedade dá grande valor ao conhecimento. Para se ter ideia, o país, com menos de 9 milhões de habitantes, já acumula doze ganhadores do Prêmio Nobel – enquanto o Brasil, que tem 200 milhões de pessoas e 500 anos de história, nunca teve um vencedor.
Além disso, após sua criação, Israel teve um grande desenvolvimento militar, a fim de se proteger de possíveis ameaças externas. Com isso, nas Forças Armadas, passou a ser estimulado o estudo das engenharias, não só para criação de soluções bélicas, mas para várias outras frentes. Isso abriu portas para o desenvolvimento de produtos de tecnologia avançados, um mercado que Israel soube e sabe explorar com propriedade. Hoje, é o país que mais investe em pesquisa e desenvolvimento em relação ao PIB: 4,5%. Além disso, o governo e as universidades trabalham sempre em parceria com a iniciativa privada para expandir o conhecimento e a inovação.
Para se ter ideia, surgiram em Israel startups que hoje são grandes empresas conhecidas mundialmente. Por exemplo, o Waze, aplicativo de navegação por GPS que se tornou quase indispensável para motoristas, surgiu lá. Em 2013, foi comprado pelo Google por US$ 1 bilhão. Já a Mobileye, startup de soluções para mobilidade de carros autônomos, também é israelense e foi adquirida pela Intel pela fortuna de US$ 15,3 bilhões. Ainda é possível citar como criações israelenses o Viber, pioneiro no uso de VoIP, e o ICQ, famoso mensageiro sucesso nos anos 1990 e 2000.
O fator necessidade também foi um grande impulsionador da inovação em Israel. Por estar situado em uma região desértica, o país sempre precisou criar soluções para se manter e par movimentar sua economia. A alta tecnologia foi uma das saídas encontradas. Hoje, 40% das exportações israelenses são de produtos tecnológicos. Some-se a isso a obrigatoriedade do serviço militar para homens e mulheres, a cultura militar incute no pensamento dos jovens o senso de responsabilidade e trabalho em equipe, o que faz com que muitos deixem o Exército já com o desejo de empreender e criar soluções que gerem impacto na sociedade.
Israel é, de fato, um exemplo a ser seguido pelo Brasil, que vem cortando seus investimentos em pesquisa e desenvolvimento e que, mesmo com um povo bastante criativo e inovador, não consegue liberar todo seu potencial. É fato que, em um país de dimensões continentais, estabelecer políticas que abranjam todo o território e atendam às diversas necessidades da população é mais difícil, mas é um esforço necessário se quisermos nos desenvolver mais e competir internacionalmente. Caso contrário, continuaremos a ser os históricos exportadores de commodities.
*Mestre e Doutor em Direito – Fundador e Presidente do Conselho de Administração do grupo Ser Educacional – Janguie@sereducacional.com
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