Hospital de São Francisco – A falta de entendimentos entre a Prefeitura de São Francisco do Maranhão e os servidores públicos municipais parece não ter fim.
Um dos maiores problemas enfrentados pelo funcionalismo local continua sendo a não regularização da folha de pagamentos e as más condições de trabalho.
Na manhã desta sexta-feira (1º), os servidores do hospital decidiram paralisar suas atividades por atraso no pagamento dos últimos dois meses.
Eles seguiram em caminhada até a prefeitura acompanhados dos representantes do Sindicato dos servidores para conversarem com o prefeito Valdivino Nepomuceno.
O gestor municipal se recusou a receber os servidores que reivindicavam o pagamento de maio e junho, ocasião em que ele determinou também a retirada da imprensa da sua sala, que acompanhava os servidores em manifestação.
O secretário municipal de Saúde, Thiago Nogueira, recebeu os funcionários e afirmou que o pagamento de maio estará nas contas dos servidores do hospital até a manhã deste sábado (2).
O hospital de São Francisco do Maranhão é municipalizado e, de acordo com o secretário o recurso para o pagamento dos servidores é oriundo do Fundo de Participação do Município (FPM).
“Esta precariedade não é um privilégio só de São Francisco. Esta situação está posta em todo o território nacional”, disse o secretário.
Em relação à impossibilidade de pagamento do mês de junho até o dia 10 de julho, Thiago Nogueira afirma que vai conversar com o prefeito para parcelar o pagamento.
“Se a gente não conseguir pagar até o dia 10 de julho, vamos passar pelo mesmo calvário, parcelando junho para pagar até o final de julho se a categoria aceitar.”
Dificuldades que afetam o hospital de São Francisco
Quanto às dificuldades do município, ele diz que “está havendo uma redução considerável nos recursos do FPM mês a mês, o que reflete na qualidade dos serviços e na qualidade de vida das pessoas.”
Thiago Nogueira, diz ainda que não vislumbra melhoras na saúde do município.
“Eu não vislumbro nenhuma melhora. Eu tenho a fotografia aérea da Saúde de São Francisco, e sei quais os pontos mais vulneráveis, e que carecem de mais atenção. Porém, todas as ações precisam de recursos e esses recursos não acontecem”, completou o secretário.
Para o presidente do Sindicato dos Servidores do Município, Odair Soares, as definições acerca do pagamento precisam ser melhoradas. “Esse resultado ainda não é positivo porque só uma parte dos servidores será paga.”
Ele diz ainda que “a grande demanda dos servidores da Saúde vai ficar sem receber o pagamento de maio, e isso não nos deixa satisfeitos. Quem recebe salário apenas da prefeitura já está em dificuldades.”
“A nossa preocupação é muito maior quando o secretário diz que não vislumbra nenhuma melhora em relação ao pagamento dos servidores e às condições de trabalho”, completa o presidente.
Para o secretário geral do Sindicato dos Servidores, Wellington da Silva Pacheco, é necessário mais comunicação por parte dos órgãos competentes do município com os servidores.
“A nossa preocupação enquanto sindicalistas é o diálogo para que tudo se encaminhe para o lado certo que é: pagar em dia e dar condições para que o servidor produza mais e melhor.”
Segundo Wellington, o apoio aos servidores é prioridade. “Nós, como sindicalistas, temos como meta apoiar os servidores nas suas necessidades”, disse ele ao atribuir a paralisação desta sexta-feira à falta de comunicação dos órgãos competentes.
As condições de trabalho no hospital de São Francisco
Em relação às condições de trabalho no hospital, o Somos Notícia constatou que os servidores estão lidando diariamente com equipamentos quebrados como ventiladores, ar-condicionados e centro cirúrgico desativado, além de os funcionários e pacientes terem que conviver com a falta d’água.
“Estamos há oito dias sem água na caixa do hospital. Para lavar as mãos e alguns materiais, a gente busca água no postinho da dona Alzira”, disse a técnica em Enfermagem, Elisa.
Informações repassadas ao site apontam que, para os plantonistas do hospital, há apenas uma refeição durante todo o período de atividade. “A gente tem que fazer vaquinhas entre os funcionários para não ficar com fome”, reforça.
A paralisação aconteceu apenas nesta sexta-feira em razão da promessa de pagamento. “Na minha visão, já que o secretário falou que o pagamento sai até amanhã, precisamos depositar essa confiança e saber aguardar”, disse Elisa.
“A nossa manifestação valeu a pena porque tivemos a esperança do nosso dinheiro estar na nossa conta amanhã. O prefeito Valdivino nos maltratou, nos expulsou da sua sala. Eu fiquei muito triste com essa situação”, disse a técnica em Enfermagem Maria da Paz.
A técnica assegura que a manifestação pode se prolongar por mais tempo. “Depois de tudo isso, se o dinheiro não for depositado nas contas, nós vamos continuar com a manifestação.”
“Já que ele diz que a gente tem até cinco ou dez dias para receber o salário do mês de junho, nós vamos aguardar”, disse a técnica em Enfermagem Da Guia.
Edição, postagem e fotos: Denison Duarte
Servidores do hospital de São Francisco do Maranhão
Equipamentos do hospital de São Francisco
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