Dólar atinge R$ 3,92 diante de preocupações com economia brasileira

Comércio

Preocupações com a economia brasileira voltaram a pressionar a cotação do dólar nesta sexta-feira (18), se sobrepondo ao alívio trazido pela decisão do Federal Reserve (banco central americano) na véspera de manter inalterada a taxa de juros nos Estados Unidos.
Às 11h30 (de Brasília), o dólar à vista, referência no mercado financeiro, tinha valorização de 0,72% sobre o real, para R$ 3,913 na venda. Já o dólar comercial, utilizado em transações de comércio exterior, avançava 0,79%, para R$ 3,914. A moeda atingiu mais cedo a máxima de R$ 3,92. Por ora, ambas as cotações estão no maior valor desde 2002.
Segundo operadores, a moeda americana tem refletido a percepção do mercado de que importantes medidas de ajuste fiscal propostas pelos ministros Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento) terão dificuldades para ser aprovadas no Congresso. Algumas, disseram, devem ser rejeitadas.
Incertezas sobre mudanças na política econômica do país também ampliaram o clima de cautela entre a última sessão e esta sexta-feira. Reportagem do jornal “Valor Econômico” publicada na quinta-feira (17) afirmou que o Instituto Lula e o PT (Partido dos Trabalhadores) estão formulando uma política econômica para flexibilizar as políticas fiscal e monetária, estimulando assim o crescimento do país nos próximos anos.
A ideia do projeto seria abandonar o ajuste fiscal em curso e reduzir a taxa básica de juros (Selic) “na marra”. O Instituto Lula, no entanto, divulgou nota negando a proposta de mudança na política econômica do país.
O PT (Partido dos Trabalhadores) avaliou na véspera como “positiva” a recriação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) proposta pelo governo, e que criticou a falta de diálogo ao definir as medidas de reequilíbrio fiscal apresentadas no início da semana. Muitos economistas estão céticos quanto à aprovação da volta da CPMF pelos parlamentares.
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AÇÕES NO VERMELHO
A aversão ao risco que eleva a procura por dólar também derruba o principal índice da Bolsa brasileira nesta sessão. O Ibovespa tinha baixa de 0,95% às 11h30, para 48.091 pontos. O volume financeiro girava em torno de R$ 1,3 bilhão.
O movimento seguia o mau humor nos mercados internacionais, com as Bolsas americanas caindo em torno de 1%, ao passo que as europeias mostravam recuo de mais de 2%.
Segundo analistas, o fato de o banco central americano ter se mostrado paciente na véspera ao manter inalterada a taxa de juros dos EUA é positivo, mas o que motivou a decisão preocupa. O Fed levou consideração a desaceleração econômica global, especialmente da China, deve continuar prejudicando os preços das commodities.
Os preços do petróleo no exterior tinham nova queda nesta sexta-feira, afetando as ações da Petrobras. A estatal via seu papel preferencial, mais negociado e sem direito a voto, cair 2,54%, para R$ 7,66. Já o ordinário, com direito a voto, cedia 2,90%, para R$ 9,01.
Também afeta os papéis da Petrobras a notícia de que a estatal propôs a seus empregados um reajuste salarial abaixo da inflação. Em reunião na quinta-feira, a empresa apresentou proposta de aumento de 5,73%, bem inferior aos 9,53% do IPCA acumulado em doze meses encerrados no fim de agosto.
Na contramão, a Vale operava no azul, amenizando a perda do Ibovespa. A ação preferencial da mineradora subia 0,57%, para R$ 15,72, enquanto a ordinária tinha valorização de 2,61%, para R$ 20.
Fonte: Folha

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